A Grande História do Pequenino Yorkshire

Hoje vou contar uma historia… não uma historia qualquer, mas uma bonita história com vários fatos curiosos de há anos atrás e que deu origem a um serzinho pequeno de cabelos longos, que se faz, literalmente, presente em nosso cotidiano: o yorkshire.

Muitos ao se depararem com a beleza característica dos yorkshires, digna de realeza, não sabem que para hoje eles apresentarem tais características, acontecimentos históricos, turbilhões de genes e muitos anos precisaram somar-se para dar origem a esses mocinhos de olhar doce que temos a honra de conhecer.

Para entendermos melhor, vamos voltar-nos para Inglaterra, por volta do século XI.

Nessa época, a hierarquia inglesa impunha que os plebeus (pessoas mais humildes) tivessem apenas cães que não ultrapassassem o tamanho de um aro metálico de sete polegadas.

Anteriormente, era proibida a criação de cães por plebeus ou servos, por ser um sinal de status desfilarem com cães maiores (quanto maior o cão, maior necessidade de alimentação, maior poder aquisitivo de quem os alimentavam) e por acreditarem que cães menores não tinham instinto de caça (plebeus e servos não tinham autorização para caçar).

E assim, aos poucos, surgiu a criação de algumas raças pelos plebeus, tais como:

Skye terrier: cães de cabelos longos, orelhas em pé, corpo alongado e patas curtas;
Dandie dinmont: cães de pelagem coloração azul aço e caramelo, olhos amendoados e corpo alongado de patas curtas;
Maltês: cães de cabelo longo, corpo compacto (quadrado), temperamento calmo e domestico.
Com a revolução industrial no século XVIII, alguns agricultores escoceses deixaram seu país para migrar ao Condado de Yorkshire, acreditando em melhoras financeiras e levando consigo seus cães.

Um detalhe importante é que na Escócia não era homologada a lei dos cães menores para plebeus, portanto, quando esses plebeus migraram para o Condado de Yorkshire levaram consigo uma raça em especial:

Black and tan toy terrier: cães de pelagem preta e dourada nas patas e rosto, e caçadores.
A partir daí, no Condado de Yorkshire, enquanto seus donos iam trabalhar nas industrias, seus cães ficavam nas ruas – lembrando que estamos falando de plebeus, pessoas humildes que ensinavam seus cães a ingerir comidas, fuçar lixo e caçar ratos fora de casa.

Com as fêmeas no cio e os machos atrás, deu-se origem a uma salada de quatro raças: coonhound preto e castanho, maltês, dandie dinmont e skye terrier.

Com o tempo os cães que se originavam dessas cruzas já tinham uma aparência de patas mais longas, cabelos longos pretos com rosto e patas douradas, olhos amendoados e eram ótimos caçadores de ratos.

Devido a essa característica, seus donos colocavam seus cães para participarem de rinhas, pelo qual o melhor exemplar era aquele que matasse o maior rato (eca!).

Por conta de auto-sobrevivência, esses cães tornaram-se mais resistentes a doenças infecto-contagiosas.

E assim caminhou a sociedade britânica… quase já não se viam cães que não fossem esses cães de mais ou menos 8 quilos com essas características pelas ruas.

E um belo dia, um criador muito respeitado e juiz de cães de exposições, chamado Peter Eden, olhando aqueles cães de rua, percebeu a doçura do olhar deles e mesmo sendo pequenos (coisa de pebleu…) tinham um ar de cão majestoso e eram tão resistentes quanto os grandes.

Aos poucos, Peter iniciou um estudo de mapeamento genético e decidiu dar seguimento à raça de forma correta. Aos poucos esse cruzamento foi originando cães de pelagem longa azul aço e caramelo, olhos amendoados, corpo compacto, caçadores, resistentes, quando filhotes, pretos e dourados e por volta de 2 a 6 quilos.

Como Peter Eden era juiz de exposição extremamente respeitado por sua posição de criador, ele abriu a exceçao e iniciou, em meados do ano de 1861, a exposição dos yorks como “variedade especial de outra raça”.

Então, alguns anos mais tarde, conseguiram ser reconhecidos pelo American Kennel Club com o nome de yorkshire terrier (yorkshire por conta do nome do Condado e terrier por conta de serem caçadores).

Porem havia duas classes: os cães de ate 2,3 quilos, que eram apenas para companhia e os de ate 6 quilos, que eram voltados para caça.

Como era de se esperar, esses de maior tamanho, devido a doenças de ratos, começaram a ser extintos, deixando apenas os exemplares de ate 2,3 quilos para estimação e os de ate 3,5 quilos para reprodução.

Por fim, em 1898, foi criado o primeiro club dedicado apenas para a raça.

História do yorkshire terrier
YORKSHIRE TERRIER FOTOGRAFADO EM 1915
VIA WIKIMEDIA COMMONS / DOMÍNIO PÚBLICO

Após toda esse incansável percurso, um dia a rainha Vitória do Reino Unido, em uma exposição de cães da aristocracia e alta burguesia, se deparou com aquele cão minúsculo (coisa de plebeu! Eca!) e assim como qualquer pessoa, se encantou!

Como ela era rainha, podia tudo. Sem preocupar-se com os julgamentos alheios, iniciou a criação de um yorkshire para estimação e curiosamente, por questões de vaidade da rainha, toda roupa que ela adquiria, seu yorkshire tinha de ter uma igual.

Não se encontrava mais a rainha Vitoria sem a companhia de seu yorkshire e por conta disso, mesmo sendo de porte pequeno, toda a aristocracia inglesa e posteriormente o mundo, adotariam a ideia de que status era ter um cão de pequeno porte e cabelos longos andando nos braços de seus donos.

Hoje em dia, há certos padrões que se devem respeitar para poderem ser classificados e titulados os yorkshires, por questões de características ditada pela FCI, a partir do estudo de aprimoramento de Peter Eden.

Já que em sua carga genética eles possuem genética de quatro raças diferentes, encontramos filhos de yorkshires legítimos, fora do padrão da raça yorkshire, mas que percebemos semelhança a alguma raça que originou eles.

Porem nem é por isso que podemos aceitar – porque yorkshire é yorkshire! – eles tiveram muito trabalho, muitos anos para conseguirem na soma de tantas raças oferecer essas características e posteriormente Peter estudar muito a fim de conseguir coloca-los numa posição de realeza, quando era muito difícil e taxativo para cães de pequeno porte.

Não é por acaso que essa raça está no ranking dos mais procurados pela sociedade, pois eles ultrapassaram genéticas, revoluções industriais, aboliram o preconceito da burguesia, mudaram a conceito da cinofilia até chegarem aos nossos lares e dominarem nossos corações… amo yorkshire!

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